domingo, 16 de novembro de 2008

Ensaio sobre o oportunismo

"Você gostaria que seu filho fosse gay?" Eu deveria responder "sim" a essa pergunta? O que você deveria dizer a Leo Áquila, vestido de rosa, rindo bastante, insinuando coisas que poderiam ser depreciativas do seu trabalho e do seu caráter, caso ele te fizesse essa pergunta? O quê? Aquilo não era uma piada?

Se temos um problema desse tamanhão, ao menos deveríamos tê-lo mudado de contexto. Se eu estivesse discutindo homossexualidade, não faria graça. Muito menos meu marido. Além de se tratar de um assunto de extrema seriedade, nunca desrespeitei ser humano nenhum.

Francamente não desejo que meu filho seja homossexual por vários motivos e, sobretudo pelo pelo preconceito absurdo que vejo meus amigos gays sofrerem em seu dia `a dia. Entretanto, Deus sabe o que ele será e independente do rumo da sua sexualidade eu o amarei incondicionalmente. Além disso, se muitos homossexuais ainda se dividem quanto a homossexualidade ser uma alteração genética ou de fato uma opção sexual, por que eu deveria afirmar no meio de uma brincadeira que gostaria que meu filho fosse gay?

Ah! Já sei. Queriam que eu fosse hipócrita para evitar o repúdio alheio? Vejamos, talvez eu devesse dizer que "sim", ou devesse ter uma resposta preparada para cada circunstância parecida. Caso outro apresentador "seriíssimo" me perguntasse sobre a questão, eu seria hipócrita e diria: Quero que meu filho seja gay. Isso evitaria um boicote e eu ficaria mais rica, não? Não me perguntaram se eu amaria meu filho ainda que ele fosse gay. Não. Me perguntaram em "tom Engraçado", em clima de piada, se eu gostaria que meu filho fosse gay.

Vamos lá! Façam uma pesquisa sobre a minha vida, sobre a do meu marido. Sabem quantos amigos homossexuais nós temos? Perguntem a cada um deles se em algum momento os discriminamos. Volto a dizer que Jamais desrespeitei ou preconceituei qualquer ser humano. E defenderia os homossexuais caso fosse necessário, em função de serem iguais a mim. Somos todos humanos.

Se eu errei, ou magoei alguém, lamento, e em nome do meu marido também. Essa jamais foi a nossa intenção. Assim aprendi em minha casa: "Ame, indistintamente". Assim o farei. Sempre o fiz.

Boicotem, agridam. Aí realmente mora o preconceito, abusivo, abusado, circunstancial, oportunista. Levantem uma bandeira tão séria fundamentada numa piadinha que um apresentador fez comigo. Será que ele não deveria dar uma conotação diferente a este tipo de pergunta? Será que o tema se encaixa numa piada? Imagine, se ele brinca com o assunto em suas perguntas, por que eu não poderia brincar em minhas respostas? Afinal, aquilo era um debate?

Talvez eu deva ensaiar tudo que vou dizer a partir de agora, vivemos na era fake. Quanto mais agradáveis formos, melhor, não? Talvez eu deva realmente ceder `a essa hipocrisia e me tornar mais um enlatado de prateleira de supermercado, e assim, quem sabe, nas próximas eleições...


"Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem".


Fonte: Blog da claudinha