A emoção ela segurou o tempo todo. Desde o primeiro acorde, exatamente às 18 horas, abrindo oficialmente a noite de sábado, a mais aguardada do Carnatal 2008, carnaval fora de época que acontece na capital potiguar e que teve ainda atrações do porte de Ivete Sangalo, Bel e o Chiclete com Banana. Mas para Claudia Leitte era uma noite especial e o público a aguardava com uma expectativa muito grande, afinal, aos oito meses de gravidez, era seu último show antes do nascimento de Davi e ela transbordava de emoção.
Começou prometendo não chorar e atravessou as cinco horas de show puxando o Bloco Caju cumprindo a promessa. Verdade que em alguns momentos foi duro segurar as lágrimas, tantas foram as homenagens que recebeu em todo o percurso. Emoção ampliada com as várias premiações acumuladas, de melhor cantora, melhor música e melhor bloco, mas ela resistiu e não entregou os pontos. Cantou velhos e novos sucessos, entre eles os hits Exttravasa e Beijar na Boca, o mais pedido na noite e quando exagerava nos pulos e nas travessuras em cima do trio, olhos intimidadores do seu médico obstetra, Dr. Luis Machado, estavam prontos para tentar freá-la. Mas ela fingia não entender e continuava no mesmo ritmo que começou. Ritmo, aliás, que não mudou em todaa a gravidez.
Para Claudia era noite de um até breve e o folião de Natal deveria guardar dela a imagem da vitalidade e da alegria. Da musa que mesmo grávida não cancelou um único show - foram quase 50 desde que descobriu que estava grávida, alguns varando a madrugada e indo até o dia amanhecer como há 15 dias, em Sauípe, na Bahia. E só depois de completar a segunda volta no circuíto, sandálias de salto jogadas para o lado ela foi sentindo que era chegada a hora do adeus. Até breve, melhor dizendo.
Verdade que pique ainda tinha para mais uma hora ou até mais de trio, mas o olhar de censura do Dr. Luis Machado acabou estabelecendo o fim da festa. Ela então deixou o axé de lado e atacou de Passaros, um de seus maiores sucessos, balada romântica que segundo ela mesmo diz, simboliza seu momento e o que foi 2008 em sua vida. A voz começou forte, mas as sobrancelhas começaram a franzir, num indicativo de que a emoção afinal ia vencê-la e ela não conseguiu conter as lágrimas. Ela só não, centenas de foliões e fãs, num momento marcante da festa, compartilhado com os pais, Ilna e Claudio. As palmas foram o coroamento da noite e de um 2008 especialíssimo para Claudia. Ela se despediu do público, sentou-se no meio do palco no trio e por longos 20 minutos teve a companhia dos seus músicos que formaram um círculo à sua volta. Era momento de celebração, pelo sucesso de todos e de agradecer a Deus. Um Pai Nosso encerrou o congraçamento e Claudia pôde, afinal, descansar. Não sem antes admitrir:
- Pensei que a emoção ia me vencer, mas fui mais forte. Para cada canto que olhava vinha uma energia forte a me impulsionar. Atravessei todo o circuito com o coração batendo mais forte. Pinotei mesmo e Davi entrou na onda. Acho que teve uma hora que ele deu uma cambalhota Sério mesmo. Não sei se estava gostando ou para dizer, "mãe, para com esse pula-pula ai que eu não estou conseguindo dormir". Foi bom demais. Deus é bom demais. Foi ele quem guiou meu passos, determinou o momento de tudo acontecer na minha vida, meu deu forças e colocou diante de mim e ao meu lado as pessoas certas. Quero agradecer a todos que me ajudaram a vencer esta caminhada, que me deram a mão nos momentos mais difíceis e usaram as mesmas mãos para me aplaudir como se a vitória fosse só minha. A vitória é de todos nos e divido com meus músicos, meus produtores, meus empresários, todo meu pessoal de apoio o sucesso deste ano maravilhoso. Agora é descansar que Davi deve estar querendo dormir e esperar o dia que ele virá ao mundo - concluiu ela.
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